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O que eu faço com a minha carteira de investimentos agora?

por Augusto Andréa

Esta é uma das perguntas mais frequentes que tenho recebido nos últimos dias. Com o surto do COVID-19 se intensificando mundo afora, e medidas de confinamento sendo adotadas por boa parte da população mundial, as bolsas de valores vêm sofrendo consideravelmente dada uma recessão muito provável para 2020.

Com o confinamento, as pessoas deixam de produzir, gastar e girar a economia, o que afeta as mais variadas empresas. Dessa forma, essas empresas (muitas vezes, cotadas em bolsa) começam a ver suas expectativas de receita futura despencando, consequentemente, o preço dessas ações em bolsa despenca junto. Todo esse processo serviria para explicar essa queda de quase 50% do principal índice de ações da bolsa brasileira: o Ibovespa.

Veja que dei o exemplo da bolsa de valores, mas vários outros investimentos foram afetados em alguma medida. Observe que o cenário de incerteza pode trazer certa irracionalidade para os preços de vários ativos.

Um outro exemplo de investimento que sofreu nos últimos dias são os títulos do tesouro prefixados e atrelados ao IPCA. Esse tipo de investimento teve ótima rentabilidade nos últimos anos, dada a queda histórica da taxa básica de juros (comentei mais sobre isso no artigo).

Fundos de debêntures e Títulos prefixados! Acabou a farra!

No entanto, mesmo com a redução da taxa Selic de 4,25% para 3,75% no dia 18/03, esses títulos tiveram uma queda nos seus preços (e, consequentemente, uma alta nos juros oferecidos), principalmente os títulos mais longos. Como esses levam em consideração a expectativa de taxa Selic futura, uma queda como esta no curto prazo não significa uma queda nos investimentos mais longos. Em momentos de incerteza, diversos outros fatores são levados em consideração.

O que tem acontecido é que muitos investidores estão muito preocupados com o preço dos seus ativos e o valor da sua carteira caindo consideravelmente. Antes de tudo, é importante esclarecer que investimentos em renda variável, principalmente dentro de uma diversificação de carteira, têm como objetivo o retorno no longo prazo. A maioria dos especialistas concorda que esse tipo de ativo deveria ter como objetivo um posicionamento de, pelo menos, 5 anos.

Outro ponto relevante é que independentemente do seu perfil de risco ser moderado ou agressivo, você deve (ou deveria) ter uma alocação diversificada e equilibrada entre diversos tipos de investimento, de tal forma que a sua carteira não estaria excessivamente alocada em ações. Veja um exemplo do percentual de alocação de um perfil de risco agressivo na XP Investimentos:

Vamos às perguntas então:

1- O que fazer se a minha carteira já está com uma aderência alta à sugerida?

NADA. A sua alocação já está contemplando diversificação e por mais que ver o valor caindo da sua carteira de investimentos incomode bastante, o momento de estresse do mercado não é a melhor hora de você tentar sair de uma posição, principalmente em renda variável. Mantenha a posição e deixe o longo prazo fazer o seu trabalho.

2- O que fazer se eu tenho espaço dentro da minha diversificação para aumentar o percentual em renda variável?

TALVEZ comprar. Por que talvez? Como o momento atual é de alta volatilidade e os preços podem estar parcialmente “irracionais”, oportunidades podem surgir para o longo prazo. No entanto, quem se incomoda com oscilações de 10% em um dia pode ficar desesperado se os preços continuarem caindo. Então, a compra é somente para quem aguenta a volatilidade e está com visão de longo prazo.

As mesmas respostas podem ser utilizadas colocando outras carteiras sugeridas, de outras casas e de outros perfis. Dessa forma, o que considero sempre muito importante é o investidor fazer uma autorreflexão, que se inicia considerando qual seria o pior cenário possível de um investimento e como ele mesmo se comportaria naquela determinada situação. Isso certamente ajudaria no posicionamento.

Encontre as melhores maneiras de conquistar seus objetivos de investimentos.

Augusto Andréa

Augusto Andréa

Mestre em economia pela UFRJ com graduação pela PUC-Rio e MBA em Gestão de Investimentos.