Acabei de ler o livro “O mais importante para o investidor'', de Howard Marks. Um livro lançado há 10 anos, mas que segue sendo bastante comentado entre gestores e profissionais do mercado financeiro.
Neste artigo, faço um resumo dos principais pontos, da filosofia do autor sobre investimentos e coloco meus comentários sobre a leitura.
Desde já, adianto que vale a pena a leitura. Howard Marks é referência até para Warren Buffett, o mítico investidor, uma lenda viva das finanças há décadas.
Howard Marks é o co-fundador e co-presidente da Oaktree, um dos maiores hedge funds do mundo, além de ser um dos norte-americanos mais ricos, com fortuna pessoal acima de U$ 2 bilhões. A Oaktree foi fundada em 1995 e tem capital aberto na Bolsa americana.
Um dos pontos de partida é a explicação sobre o pensamento de segundo nível, uma forma de pensar que enfatiza a tese de que investir é tanto arte quanto uma ciência. Esse pensamento é profundo e complexo, enquanto o de primeiro nível é simplista e superficial.
O pensamento de segundo nível passa por percepção, intuição e senso psicológico de valor. Como investidores, não queremos retornos na média, mas, sim, acima da média. Do contrário, bastava comprar um fundo de ações passivo ou um ETF como o BOVA11, que replica o Ibovespa. Tais características fazem um investidor ser acima da média.
Portanto, não é possível fazer da mesma forma que a média das pessoas e superar a média de desempenho nos investimentos. Quem deseja retornos superiores de forma consistente precisa pensar diferente dos demais.
Retornos diferentes comprovam que os mercados não são eficientes, até porque os investidores são seres humanos, ou seja, comportam-se de modos diversos e, por vezes, com emoções guiando suas decisões.
Foi justamente quando compreendeu a relevância da noção de eficiência de mercado que ele restringiu seus esforços a mercados ineficientes, onde a competência e o trabalho árduo são mais bem recompensados.
Nem sempre é possível achar pechinchas, dentro dos conceitos de value investing. A facilidade de buscar informações hoje em dia torna essa tarefa de garimpar ações com preço distorcido mais difícil do que antes.
Questionado sobre investimentos em empresas de valor ou empresas de crescimento, ele prefere as de valor, sem dúvida. Apesar das recompensas potenciais nas empresas de crescimento serem muito maiores, relata preferir a consistência das empresas de valor.
Sobre mercados de alta e baixa, claro que todos querem comprar na baixa e vender na alta, mas até onde um ativo pode cair ou subir para definirmos se está caro ou barato?
Compreender o valor intrínseco de uma ação é essencial. Dessa forma, voltamos mais uma vez à premissa preço versus valor. A melhor chance que o investidor tem é comprar barato. Não apenas empresas boas, mas empresas boas que estão baratas. Mesmo assim, não é garantia, podemos estar errados sobre o valor atual ou justo.
Howard Marks gasta boa parte do livro discutindo risco e retorno. Ele critica quem acha que para se ter maiores retornos basta tomar mais risco. Afinal, se os investimentos arriscados produzissem maiores retornos de forma confiável não seriam mais arriscados.
O risco é algo ruim e a maioria quer minimizá-lo. O investidor que deseja ter uma abordagem profissional precisa medir se o retorno desejado justifica o risco assumido. É preciso avaliar o retorno ajustado ao risco. Ter retornos altos assumindo riscos altos não tem muito valor.
Os investidores de empresas de valor mitigam o risco, acreditando na chance de obter um retorno alto, mantendo o risco baixo ao comprar ativos por menos do que valem. Ao comprarmos boas empresas, mas a um preço alto, temos a possibilidade de retorno baixo e risco alto.
Da diminuição do risco vem um dos conceitos mais interessantes do livro, que é o investimento defensivo. Mais importante do que ganhar é não perder. Os fundos da Oaktree se sobressaem não quando estão todos ganhando (porque o mercado está ajudando), mas quando a maioria está perdendo dinheiro.
Um outro conceito importante do livro é o dos ciclos e pêndulos. As empresas passam por movimentos de contração e expansão, com ganhos e perdas, maiores ou menores. Os participantes do mercado, sejam gestores ou investidores, têm o comportamento impactado por esses movimentos.
Quando os investidores estão mais tolerantes ao risco, os preços podem oferecer mais riscos do que retorno. Vimos isso nas altas da bolsa. Por outro lado, quando os investidores estão mais avessos ao risco, os preços podem oferecer mais retorno. Isso fica fácil de se visualizar nas crises ou em mercados em baixa.
Para finalizar, destaco a convicção de Howard Marks de que os maiores erros nos investimentos não têm origem em fatores ligados à informação ou à análise, mas em fatores psicológicos.
Espero que você tenha gostado deste breve resumo de um livro tão impactante. Recomendo a leitura! E se quiser discutir alternativas de investimentos, montagem de carteira, potencializando retornos e reduzindo riscos, basta me mandar um e-mail.
Ótimos investimentos!
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