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O que esperar para os investimentos em 2021?

por Augusto Andréa

O ano de 2020 está terminando… Ufa! Um dos anos mais emblemáticos dos últimos tempos para a humanidade e para os investimentos. Quem teve sangue frio foi recompensado com a recuperação de boa parte dos ativos para os preços pré-pandemia. 

Enquanto escrevo, as notícias sobre o início da vacinação pipocam diariamente. O medo de março, dado o desconhecimento em relação à doença, começa a dar lugar ao alívio de uma expectativa de volta da normalidade. E como o mercado financeiro busca antecipar os movimentos futuros, podemos ver a tranquilidade voltando aos investimentos, com o principal índice de ações da bolsa brasileira (Ibovespa) muito próximo de sua máxima histórica.

Essa crise tornou mais evidente algo que já tínhamos visto na crise de 2008: os bancos centrais (BCs) têm muita artilharia para evitar uma queda maciça dos preços dos ativos. A quantidade de capital que foi colocada à disposição, e posteriormente apelidada de “bomba de liquidez”, possibilitou a compra de diversos ativos da economia. No caso do FED (Banco Central Americano), ele atuou em grande parte recomprando títulos do tesouro americano, além de títulos hipotecários. Tivemos mais uma demonstração de como lidar com uma crise mundial com taxas de juros básicas em torno de zero nas economias desenvolvidas. Será que crises longas são algo do passado?

O que devemos esperar em 2021 então?

É muito importante entendermos os diferentes cenários para que, dessa forma, seja possível compreender as oscilações dos nossos próprios investimentos e dos ativos que mexem com o nosso dia a dia.

Renda Variável (Ações)

Essa classe de ativos não tem esse nome à toa. As ações tiveram um ano super volátil durante a pandemia. É difícil imaginar que 2021 seja mais impactante que 2020. Para quem viveu toda a experiência de uma queda de quase 50% no Ibovespa no pior momento e se manteve firme acompanhando a recuperação, imagino que esteja preparado para o que der e vier em 2021.

É fato que a liquidez oferecida pelos principais Bancos Centrais têm impactado muito positivamente na recuperação dos preços, mas parece que isso não deve ter fim, pelo menos no primeiro semestre de 2021. O FED (Banco Central Americano) já deixou claro que tem artilharia e possibilidade de injetar mais liquidez nos mercados, se isso for necessário. E já entendemos que mais liquidez = alta dos ativos. Ou seja, imaginar uma queda muito forte dos ativos tem ficado cada vez mais difícil, principalmente com essas mensagens veementes do FED.

Para o caso brasileiro, por mais que o nosso Banco Central não tenha a mesma capacidade de atuação que o FED, se a liquidez lá fora é muito grande, o capital estrangeiro entra com força nos emergentes. Repare o que aconteceu em novembro e início de dezembro. Foram mais de 40 bilhões de reais dos gringos entrando na bolsa brasileira. Esse fluxo vai parar quando? Difícil ter uma certeza, mas o movimento acabou de começar e ainda pode continuar ao longo dos próximos meses. Se fizermos as reformas necessárias, aumentam as chances de termos continuidade desse fluxo de entrada do capital estrangeiro em 2021.

Como se posicionar então? Para quem investe em ações, o horizonte de investimento deve ser de, pelo menos, cinco anos à frente. Isso quer dizer que os momentos de queda não devem fazer você se desesperar (espero que tenha passado no teste de 2020). Inclusive, nesses momentos, oportunidades de compra podem aparecer, como apareceram neste ano.

A diminuição da alocação de renda variável só deve ocorrer se você enxergar uma mudança de cenário para os próximos anos. 

Renda Fixa

A taxa Selic atingiu seu piso histórico de 2% a.a. e o Banco Central deu indícios de que deve interromper o movimento de queda e reverter para a alta do juro básico em 2021 em algum momento. No entanto, essa alta deve ser tímida, dada uma expectativa do mercado de uma taxa Selic em 3% a.a. ao final do ano que vem.

A queda da taxa Selic impulsionou a bolsa brasileira nos últimos anos. Uma população acostumada a uma renda fixa que rendia acima de 10% ao ano teve que começar a correr mais riscos, migrando parte do capital para a renda variável. 

Como se posicionar então? O cenário mudou completamente e os números de Selic acima de dois dígitos podem nunca mais acontecer. Isso quer dizer que você tem que se acostumar com essa rentabilidade mais baixa mesmo nesse tipo de ativo.

Uma alternativa é optar por investimentos imobilizados de médio prazo, dado que eles oferecem uma rentabilidade significativamente maior que a taxa atual. É possível encontrarmos CDBs prefixados rendendo 8% ou 9% ao ano, além de possibilidade de títulos de inflação com rentabilidade aproximada de 4% + IPCA.

Esse tipo de investimento dentro da alocação é ótimo para diminuir o risco da carteira e suavizar os movimentos. Se não puder optar por opções com vencimentos longos, esqueça ganho de capital com esse instrumento e entenda que o valor alocado é para a preservação de capital e objetivos de curto prazo.

Dólar e Ouro

Esses dois ativos são conhecidos por serem utilizados como proteção da carteira de investimentos. Os investidores costumam ter posição em moedas fortes (como libra, franco suíço e dólar), assim como para o ouro, quando querem montar algum tipo de proteção para o seu portfólio. Não é à toa que o dólar acumula uma alta aproximada de 25% perante o real, e o ouro uma alta de 50% aproximada em 2020. Não há nada mais intuitivo que mostrar como esses dois ativos performaram em 2020 para saber da capacidade de proteção deles nos portfólios.

Como se posicionar então? Devemos ter um ano mais tranquilo em 2021, mas nunca podemos ter certeza. Com as coisas se acalmando, pode ser que esses ativos não se valorizem no ano que vem. Logo, a ideia de aporte nesses ativos tem que ser de proteção e não de altas expectativas de valorização. Uma coisa é certa: nunca sabemos quando virá a próxima crise, então ter proteção no portfólio (nem que seja bem pequena) sempre faz sentido. 

O desafio nos investimentos sempre existirá e a variação dos ativos pode ser uma grande problemática para alguns investidores no curto prazo. Para contornar essas questões, com humildade para saber que nem sempre acertaremos o timing da próxima recessão, pense em diversificação e ganho de capital para o longo prazo. Com esse tipo de visualização, os ruídos de curto prazo incomodarão bem menos.

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Augusto Andréa

Augusto Andréa

Mestre em economia pela UFRJ com graduação pela PUC-Rio e MBA em Gestão de Investimentos.