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Fundos de debêntures e Títulos prefixados! Acabou a farra!

por Augusto Andréa

Os últimos anos foram excelentes para investimentos com característica prefixada; ou seja, títulos prefixados ou com parcela prefixada + IPCA (os famosos títulos de inflação). Procure por algum fundo que tenha no nome “inflação”, “juros real”, “pré”, “prefixado”, “debênture”, etc. e veja a rentabilidade dele nos últimos 36 meses. Digo isso, pois esse tipo de fundo é composto por ambos ou por algum dos dois tipos de títulos comentados acima. Se você colocar um gráfico comparativo com o CDI, verá que a performance foi maravilhosa.

Mas como isso é possível? Como uma renda fixa poderia render acima do contratado?

A verdade é que a renda fixa não é necessariamente fixa. Dependendo do estilo, ela pode até render negativamente durante alguns períodos! Inclusive, há muitos investidores conservadores que não se dão conta disso e olham, por exemplo, um fundo prefixado (classificado como renda fixa) que rendeu 20% nos últimos 12 meses e acreditam que o fundo só vai oscilar positivamente. MUITO CUIDADO!

Antes de entrarmos nas explicações, eventualmente falarei sobre fundo de renda fixa e outras vezes, sobre um título de renda fixa. A diferença entre os dois investimentos é que o fundo de investimento compra os títulos e cobra uma taxa de administração por conta disso. Fundos de renda fixa prefixados compram títulos prefixados, enquanto fundos chamados de “inflação” ou “juros real” compram títulos que têm uma taxa prefixada + variação da inflação. Os fundos de debêntures incentivadas, por sua vez, compram debêntures incentivadas que possuem característica de rentabilidade de inflação + taxa prefixada.

Neste momento, vamos entender o que houve nos últimos anos com esse tipo de investimento:

  1. Imagine que um investidor tenha comprado, no dia 05/06/2018, um título do tesouro prefixado com vencimento em 2025 (LTN 2025). Nesse dia, o preço de um título custava R$489,37. Esse tipo de título promete que, no vencimento, vai lhe pagar exatamente R$1.000,00. Isso quer dizer que de 05/06/2018 até 01/01/2025 o título vai ter que subir R$510,63 = R$1.000,00 – R$489,37. Ou seja, do dia da compra até o vencimento, o título teria que variar 11,51% ao ano para dar exatamente esse ganho. Até aqui, acho que não temos nenhuma grande novidade.
  2. Mas, como comentamos, a renda fixa não é necessariamente fixa. Nesse caso, o título vai variar até o vencimento e, por mais que aquela taxa de 11,51% ao ano esteja garantida, se você for até o vencimento do título, isso não significa que ganhará exatamente essa taxa ao final de um ano. Seguindo com o nosso exemplo, veja que, depois de um ano, o título do tesouro prefixado 2025 estava valendo R$656,75. Isso representou uma valorização de 34,2% em 12 meses! Bem mais do que os 11,51% ao ano.
  3. A partir do dia 05/06/2019, os R$656,75 continuarão virando R$1.000,00 quando chegar em 01/01/2025; no entanto, a partir desse dia, a taxa oferecida até o vencimento passou a ser de 7,85% ao ano. Aqueles 11,51% continuam valendo para calcular o valor desde o início da operação, mas, em junho de 2019, a taxa já era completamente diferente. Logo, era possível ter saído da operação ganhando 34,2% em um ano! Não é necessário carregar até o vencimento.

Mas o que faz com que estes títulos se valorizem ou desvalorizem?

O mercado segue uma oferta e demanda, de tal forma que a rentabilidade oferecida nos títulos com mesmo risco tende a convergir. Vamos utilizar os títulos do tesouro como exemplo.

- Imagine que você comprou um prefixado por 7% ao ano, com vencimento em 3 anos. No momento em que você tinha essa oferta de rentabilidade, a taxa Selic se encontrava em 7% ao ano e tinha previsão para que continuasse assim pelos próximos 3 anos. No entanto, após um ano, o governo reduziu essa taxa básica para 5% ano, ao mesmo tempo em que os investidores começaram a acreditar que esse deveria ser o patamar para os anos seguintes. Nesse cenário, o que aconteceu com o seu título prefixado de 7% ao ano?

- Valorizou! Até a rentabilidade oferecida passar a ser 5% ao ano. Como a taxa básica caiu, a procura por títulos com taxas mais altas fez o preço deles subir e a rentabilidade oferecida diminuir. A oferta e demanda cumpre seu papel.

Cenário atual

O cenário atual deixou quem investe neste tipo de produto mal-acostumado. Lembre-se que a taxa básica de juros saiu de 14,25% para 5% em um intervalo de 3 anos aproximadamente, e por conta disso, a valorização foi excepcional. Agora, a Selic já está precificada em 4,5% no final do ano e a possibilidade de continuar caindo é muito baixa, ou seja, esta rentabilidade dos últimos 3 anos não vai se repetir!

O que devem fazer aqueles que têm fundos de investimento com alguma característica prefixada?

Diversificar! Não é necessário acabar com esse tipo de investimento da carteira, mas também não se pode estar excessivamente exposto(a) a ele. Eu já vi casos de investidores com mais de 50% da carteira de investimento alocada nesse tipo de fundo e acreditando estar com baixo risco de volatilidade.

Existem várias alternativas, mas a preferência para o investidor mais conservador-moderado tem sido os fundos multimercados, por possuírem maior potencial de rentabilidade que a renda fixa, mas com um risco mais baixo que os fundos de ações, na média.

Até o próximo artigo!

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Augusto Andréa

Augusto Andréa

Mestre em economia pela UFRJ com graduação pela PUC-Rio e MBA em Gestão de Investimentos.