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Diversificar é Vital!

por Marcos Moore

Há uma frase muito conhecida no mundo das finanças: “nunca coloque todos os ovos na mesma cesta”. Significa que um portfólio de investimentos deve ser diversificado, baseado no tripé liquidez, rentabilidade e risco. Vou explicar cada ponta do tripé.

A liquidez é a facilidade com que conseguimos transformar um ativo em dinheiro vivo a um preço justo. Um título do tesouro, CDB de liquidez diária ou fundo de renda fixa têm liquidez quase imediata: basta você solicitar à sua corretora de valores ou ao banco para resgatar o dinheiro que está aplicado lá. No dia seguinte (ou no próprio dia), o dinheiro já estará na sua conta. Da mesma forma, ações são ativos muito líquidos. Qualquer um pode comprar ou vender em segundos. Em dois dias, o dinheiro aparecerá na sua conta. Outro ativo com bastante liquidez, até por ser negociado em Bolsa, é o Fundo Imobiliário ou FII.

Aproveitando que usamos os FIIs como exemplo, na outra ponta, está o investimento em imóveis, com sua baixa liquidez. Se você precisar transformar seu imóvel em dinheiro, dificilmente conseguirá fazê-lo do dia para a noite, a não ser que reduza muito o preço de venda. O mesmo acontece com investimentos em arte. Leva tempo até se conseguir vender um quadro de um artista a um preço justo no mercado.

Alguns produtos de renda fixa possuem vencimento com prazos longos, ou seja, sem liquidez. Quanto mais longo o prazo desses ativos maior a rentabilidade. CDBs, LCIs / LCAs são exemplos comuns. Um CDB com vencimento em 3 anos paga muito mais aos seus investidores do que outro com vencimento em 6 meses.

Rentabilidade é a variação entre o preço inicial e o preço final. É o quanto de ganho se obteve sobre um determinado capital aplicado. Em outras palavras, é quanto o investimento remunera o seu capital. Um ativo que rende 10% ao ano possui uma rentabilidade bem melhor do que outro que paga 6% ao ano. Ativos com maior rentabilidade potencial levam junto um maior nível de risco. Ações, mais uma vez, são um bom exemplo. Os ganhos podem ser incríveis, porém também podem ter rentabilidade negativa, o que significa perda de dinheiro. Investimentos mais seguros, praticamente livres de risco, geram retornos mais modestos. É o preço que se paga pela segurança e previsibilidade de ganhos.

Por fim, temos o terceiro ponto que é o risco. Trata-se do risco que seu investimento corre de se desvalorizar. Investimentos em renda variável possuem uma segurança menor do que em renda fixa. Se você comprar ações, as chances de ver seu capital diminuir são maiores do que se tivesse colocado seu dinheiro em um investimento em renda fixa. Por outro lado, ativos de maior risco são os que podem proporcionar maior rentabilidade.

Portanto, risco e retorno andam de mãos dadas.

A má notícia é que não existe nenhum investimento no mundo que ofereça os três pilares simultaneamente. O máximo que se consegue é ter dois deles ao mesmo tempo.

Portanto, se você tem liquidez e segurança, não terá uma boa rentabilidade. É o caso, por exemplo, da caderneta de poupança: ela tem liquidez, oferece segurança, mas a rentabilidade é muito baixa.

Já um imóvel apresenta boa rentabilidade, é seguro, mas não apresenta uma boa liquidez – em tempos de economia ruim, vender um imóvel pode levar até mais do que um ano.

As ações são um tipo de ativo que oferece ótima liquidez, potencial de boa rentabilidade, mas é um investimento mais arriscado. Notícias econômicas ruins ou o desempenho fraco daquela empresa podem fazer o preço da ação cair e você perder dinheiro.

Por isso, concentrar seus investimentos em um único ativo ou em apenas uma classe de ativos pode ser algo bastante arriscado. Se aquele ativo, por alguma razão, perder valor, ainda que temporariamente, poderá deixar o investidor bastante frustrado ou sem poder honrar os compromissos. Se existe um prazo, como o pagamento de uma conta, é preciso ter liquidez. Nesse caso, de forma alguma, você poderá imobilizar o capital em algum investimento de longo prazo ou optar por investimentos em que pode haver perda, mesmo que em prazos mais curtos.

A solução está na diversificação da sua carteira de investimentos. Basicamente, consiste na distribuição de seu capital em classes de ativos diferentes, como ações, imóveis, títulos públicos ou privados e fundos de investimentos. Diversificar passa necessariamente pelo tripé risco, retorno e liquidez.

Mas não basta fazer uma distribuição pura e simples. É importante escolher ativos que se compensem, ou seja, ter ativos mais arriscados para prazos mais longos e ativos mais seguros para honrar seus compromissos de curto prazo, como a fatura do cartão.

Mesmo que seu perfil de investidor seja conservador e esteja alocado apenas em ativos de renda fixa, será necessário trabalhar com prazos. A questão é: quanto de dinheiro é preciso para o dia a dia? Se puder imobilizar o capital por mais tempo, faça. Como dito antes, ativos de prazos mais longos remuneram melhor o capital.

A grande vantagem de uma alocação de ativos planejada é que o investidor garantirá uma boa rentabilidade com menos risco do que teria se não fizesse essa diversificação.

A rentabilidade de uma carteira de longo prazo se deve muito mais a uma alocação de ativos bem feita do que propriamente ao momento em que você compra o ativo. Isso significa que, se você quiser colocar ações na sua carteira de investimento, não precisará se preocupar tanto com o valor que estará pagando pelas ações no momento da compra.

Se você escolher poucas classes de ativos, ainda assim será possível diversificar bastante sua carteira porque cada classe oferece diversos tipos de investimento com rentabilidade, liquidez e segurança diferentes.

Por exemplo, se gosta de imóveis, poderá comprar terrenos, casas, apartamentos, escritórios, etc. Ou comprar Fundos Imobiliários de tijolo, de participação ou de papel. Se não conhece as diferenças dentro dos Fundos Imobiliários, sugiro assistir ao vídeo FII: O que são Fundos de Investimento Imobiliário?

No caso da renda fixa, também é possível escolher entre fundos de renda fixa, títulos do tesouro, CDBs, debêntures, entre outros.

Caso queira incluir as ações em seu portfólio de investimentos, poderá comprar ações ou fundos de ações. Se for comprar ações diretamente, pense em diversificação. Investir em diversas ações de um mesmo setor não ajuda a mitigar o risco. Existem diversos setores, como bancos, construtoras, elétricas, varejo, entre outras. Acredito que não é necessário ter mais do que 10 ações em carteira. A partir disso, o efeito de diminuição do risco é marginal.

Um fundo de ações já tem como característica uma equipe de gestão que deseja rentabilizar ao máximo o dinheiro dos cotistas, mas também evitar uma exposição ao risco exagerada.

Bom, você já pode perceber que, se conhecer as diversas classes de ativos e os tipos que a compõe, será muito fácil encontrar uma combinação que atenda exatamente às suas expectativas de retorno, segurança e liquidez.

Procure um especialista no assunto, seja um assessor de investimentos ou um consultor financeiro. Esse profissional entenderá seu perfil, horizonte, objetivos e momento de vida, analisará a existência de dependentes ou se as despesas correntes são altas ou baixas. Nada como uma boa conversa para alinhar tudo. Em seguida, fará a sugestão de alocação de ativos, explicando como cada ativo funciona e seu papel na carteira.

A diversificação ajudará a criar uma estratégia que potencialize os investimentos sem tirar o sono do investidor.

Bons investimentos!

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Marcos Moore

Marcos Moore

Marcos Moore é trader desde 2004, empresário e foi sócio-diretor da XP Educação. É também autor de livros sobre o mercado financeiro.