Por que devemos olhar o longo prazo?
A ideia do artigo de hoje é exemplificar que decisões de investimento visando o curto prazo podem trazer retorno pior para sua carteira de investimentos. O famoso comprar em topo e vender em fundo.
É possível que você já tenha ouvido alguém dizer que renda variável, fundos multimercados e fundos de ações devem ser medidos em prazos maiores, no longo prazo. Mas o que representaria esse longo prazo? Quanto tempo? Meses? Anos? Esse assunto fica mais evidente principalmente quando a performance de um mês ou de meses seguidos da carteira de ações ou de fundos de investimento é ruim.
Não existe um tempo certo para medir a capacidade de gestão de uma carteira de ações ou de fundos de investimento, mas é preciso que seja tempo suficiente para uma política de investimentos se mostrar consistente. No meio do caminho, pode acontecer uma crise ou um evento inesperado, por exemplo. Na minha opinião, quando estamos falando de medir a capacidade de gestão/análise de renda variável, um período entre 3 e 5 anos se mostraria suficiente para tal.
Mas, se a cartilha diz que devemos medir um investimento em um prazo de anos, por que quando temos alguns meses negativos as pessoas já pensam em sacar o capital investido em uma determinada carteira ou fundo? A única resposta que eu consigo chegar é que o investidor ainda tem dificuldade para entender sobre o risco de perda. Ele quer ser agressivo nos ganhos e conservador nas perdas. No entanto, não existe isso em investimentos... Se um fundo tem capacidade para subir 5% em um mês, existe a chance de ele cair 5% em outro, por exemplo.
Qual é a regra do jogo em renda variável então? Entrar em um investimento sabendo das possibilidades de perdas e ter paciência.
Mas e se a cota do seu fundo cair 10% no mês? Procure saber o que aconteceu, e, se for um evento isolado/pontual ou inerente ao mercado todo, tenha paciência.
Vamos a exemplos:
Fundo Alaska Black FIC FIA – BDR Nível I
No dia 18/05/2017, O “Joesley Day”. A cota do fundo caiu 30% no dia em que o colunista do O GLOBO, Lauro Jardim, deixou vazar a delação dos irmãos Batista (donos da JBS), comentando que o presidente Michel Temer deu aval para comprar o silêncio de Eduardo Cunha. O fundo vinha performando mais de 25% no ano e viu sua performance esvair em um só dia. Muitos investidores foram surpreendidos por este número e resolveram sacar seu investimento no fundo. Faltou paciência e visão de longo prazo para esses investidores.
Veja que quem investiu no início de maio de 2017 teria perdido muito dinheiro se tivesse saído depois desse evento. Teria ocorrido o famoso comprou no “topo” e vendeu no “fundo”, dado que a cota voltou a se recuperar no mesmo ano ainda. Mas, se esse mesmo investidor tivesse carregado até hoje essa compra, teria dobrado o valor investido, mesmo tendo comprado em um “topo” anterior. Esse investidor teve paciência e visão de longo prazo.
Fundo Exploritas Alpha America Latina FIC FIM:
No dia 11/08/2019, às prévias da eleição presidencial na Argentina. O resultado mostrou que a oposição do Macri se saiu muito melhor e tornou a reeleição do atual presidente quase impossível. O medo de que a oposição pudesse dar novo calote da dívida argentina e voltasse com medidas negativas para a economia fizeram com que o principal índice caísse quase 40% no dia 12/08 e a moeda argentina se desvalorizasse mais de 15%. O fundo, que tinha uma posição comprada em Argentina (em bonds inclusive), viu a sua cota desvalorizar quase 10% em um dia.
Veja no gráfico que o fundo já passou por uma situação de desconforto anteriormente, quando passou quase todo o ano de 2015 com rentabilidade negativa. Mas nada perto do que foi essa desvalorização do dia 12/08/2019. O que fazer então?
Como falado anteriormente, se o evento é pontual, tenha paciência. O fundo vai ultrapassar a máxima valorização? Não sei. Mas dado o histórico ganhador do fundo e do gestor, acho que vale ter paciência neste momento e não sacar.
Observe que os dois fundos utilizados como exemplo estão batendo seus devidos benchmarks quando analisados desde o início. Isso é super relevante para nos mostrar sobre a capacidade de o gestor de performar. Uma desvalorização abrupta na cota e a crença em uma recuperação no valor da cota é compreensível quando temos um gestor que tem historicamente um resultado positivo. Ou seja, olhe o histórico do gestor antes de investir e tenha paciência em momentos de queda. A visão de longo prazo vai recompensá-lo.
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