Recorrentemente, as pessoas perguntam se é melhor colocar a parte da alocação destinada à renda variável em ações ou em fundos de ações. Acredito que essa pergunta é mais bem respondida quando o investidor observa algumas variáveis, como: diversificação, volume da carteira, custos administrativos, tributação e performance. Olhando cada um desses pontos, é possível decidir a melhor opção.
DIVERSIFICAÇÃO
Investir em ações por si só já é mais arriscado que investir em boa parte das outras alternativas de investimentos. Ainda assim, é possível que esse risco possa diminuir por meio da diversificação. Se você investir todo o seu capital em uma ação de uma só empresa, a rentabilidade da carteira de ações dependerá unicamente do que acontecer com aquela ação. Isso seria um risco altíssimo. Imagine se o mercado em que aquela empresa atua mudar radicalmente para um cenário negativo? A sua carteira vai para o buraco junto com a ação. Por outro lado, se você tem 10 ações na sua carteira, uma mudança de cenário em uma ação não afetará consideravelmente a performance da sua carteira.
A teoria estabelece que a diversificação diminui o risco, mas não necessariamente diminui a rentabilidade da carteira. Nesse sentido, vale muito a pena diversificar a carteira de renda variável em algumas ações. Um número mínimo de 8 ações em uma carteira seria um consenso entre diferentes analistas.
De modo geral, os fundos de ações já atuam diversificando suas carteiras. Se você adotar a diversificação, o risco da sua carteira diminuirá consideravelmente e você vai conseguir cumprir este quesito.
VOLUME DA CARTEIRA
Esse quesito se mistura com a diversificação, dado que é necessário você ter um valor de, pelo menos, R$40.000,00 para conseguir fazer uma diversificação satisfatória.
Agora vem a minha pergunta: você tem capital para diversificar a sua carteira em pelo menos 8 ações de forma que você consiga comprar pelo menos 100 ações de cada empresa escolhida? Digo isso porque comprar uma quantidade de ações em múltiplos de 100 seria o ideal para não ter que operar no mercado fracionário (aquele em que se pode operar lotes menores e que acaba tendo menos liquidez).
Se a sua resposta foi SIM, e o aspecto financeiro não o impede de diversificar, isso abre a possibilidade de montar a sua própria carteira de ações. Caso sua resposta seja NÃO, a partir de R$1.000,00 já possível adquirir cotas de fundos de ações que têm uma carteira diversificada.
CUSTOS ADMINISTRATIVOS
É neste quesito que pode existir alguma vantagem para quem consegue ter uma carteira diversificada e com bom volume. A maior parte dos fundos de ações cobra uma taxa de administração de 2% ao ano e uma taxa de performance de 20%; por conta disso, vamos usar essas métricas para comparar os custos. Nesse exemplo, para um valor de R$100.000,00 investido, o fundo vai "abocanhar" R$2.000,00 ao final de 12 meses, sem contar a taxa de performance. Para esse volume de carteira, como a maioria das corretoras cobra corretagem fixa, vai ser mais barato você comprar as suas 8 ou mais ações diretamente pelo home broker. Mas repare que o volume da sua carteira é que vai mostrar qual das duas opções é mais barata, dado que comprar 1 milhão de ações ou 1 ação é o mesmo preço. Nesse sentido, voltando à variável anterior (volume da carteira), se você tiver pouco capital para investir, a corretagem pode onerar muito mais que aqueles 2% ao ano do fundo.
Repare que não estamos falando de performance aqui nesta variável, mas, sim, de custo caso a sua carteira fosse igual à carteira de alocação do fundo.
TRIBUTAÇÃO
Finalmente, temos alguma vantagem para o pequeno investidor pessoa física. Se a venda de ativos for inferior a R$20.000,00 no mês, o investidor fica isento de imposto de renda (IR), independentemente do ganho que ele teve com as ações. Caso esse valor de venda seja maior, o IR é de 15% sobre os ganhos líquidos.
Nos fundos de ações, essas vantagens tributárias não existem. O IR vai ser de 15% sobre os ganhos obtidos nas cotas, independentemente do valor resgatado! Ou seja, fica evidente a vantagem tributária para o pequeno investidor aplicar diretamente em ações.
Em relação às perdas, é possível compensar tanto através de ganhos futuros diretamente com ações quanto em fundos de ações. Nos casos dos fundos, é preciso verificar se a sua corretora já faz esse processo para você.
PERFORMANCE
É nesta variável que eu queria chegar. Ela é de longe a mais relevante na hora de escolher entre montar uma carteira de ações ou alocar em um fundo de ações.
Quando você vai escolher um fundo de ações, vai olhar se o gestor tem uma rentabilidade histórica acima do benchmark (o Ibovespa neste caso), ou seja, você já sabe que aquele gestor performou de uma determinada maneira anteriormente. Apesar de isso não representar garantia de rentabilidade futura, é uma boa métrica para medir o desempenho do fundo. E você tem esse mesmo dado para a sua carteira? Se você está montando a sua carteira agora, muito provavelmente não tem. A não ser que tenha algum método de escolha dos ativos em que seja possível ver como teria sido a rentabilidade da sua carteira anteriormente.
Esse ponto de performance é importante enfatizar porque os custos de administração e tributários podem ser muito pequenos se o gestor tiver uma performance boa. E são irrisórios se o gestor tiver uma performance boa e você, uma performance ruim.
A performance deve ser medida no longo prazo. Somente com um histórico grande, se possível acima de 5 anos, conseguimos medir satisfatoriamente a performance de uma carteira de ações ou de um fundo de ações.
Resumidamente, os cinco critérios são muito importantes para se escolher entre montar a sua própria carteira de ações ou alocar em um fundo de ações. Mas de longe a performance é o mais importante. Ela é decisiva!
De modo geral, o gestor de fundo de ações tem mais experiência e tem uma equipe empenhada em selecionar os melhores ativos. Assim, a não ser que você tenha um método de alocação muito bom, a melhor opção será os fundos de ações.
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