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Qual o percentual de ações em minha carteira?

por Marcos Moore

Vou apresentar neste artigo algumas alternativas, que são as mais difundidas. Mas nada como contar com a ajuda de um assessor de investimentos ou outro profissional capacitado para lhe ajudar a equilibrar seu portfólio, de modo que seja eficiente e confortável.

Quando uso o termo eficiente, estou me referindo a uma carteira que seja alinhada com meu perfil de risco, objetivos e horizonte de tempo. Quero ter investimentos que me possibilitem ter facilidade para honrar as despesas de curto prazo, segurança na medida do possível e potencial ganho de capital no longo prazo. Mais uma vez, volto ao tripé risco x retorno x liquidez.

Em primeiro lugar, preciso considerar qual a tolerância ao risco e assim definir o percentual do capital que pode ser alocado em renda variável. Como sabemos, risco e retorno são inversamente proporcionais. Quanto maior a exposição ao risco, maior a chance de melhores retornos. Por outro lado, maior a chance de perdas, especialmente no curto prazo.

Apresento algumas sugestões de balanceamento de seus investimentos:

1. Regra dos 80. Subtraia a sua idade do número 80. Exemplo: setiver 30 anos, o percentual máximo que deve alocar em renda variável é 50% (80 – 30 = 50). Esta fórmula se baseia no fato de que, quanto mais jovem for o investidor, mais tempo ele terá pela frente para se recuperar das quedas que certamente irão ocorrer no mercado de ações.

Essa regra pode sofrer um ajuste, caso queira mais exposição ao risco. Ao invés de 80, use 100, ou seja, subtraia a sua idade do número 100. Usando o exemplo anterior, se o investidor tiver 30 anos, o percentual máximo que ele deve alocar em renda variável é 70% (100 – 30 = 70).

Essa fórmula serve para quem tem um perfil mais arrojado, aceita melhor os riscos que o mercado de ações envolve. Indicado para quem tem mais experiência e possui disciplina.

2. Regra dos 50/50. Metade do seu capital em Bolsa e metade em investimentos mais conservadores. A cada período, que pode ser de seis meses ou um ano, o balanceamento deve ser atualizado. Digamos que seus investimentos em ações tiveram um desempenho superior aos investimentos em renda fixa. No final dos seis meses (ou um ano), deve-se tirar um pouco da parte alocada em Bolsa e colocar em renda fixa. Assim, manteremos sempre os 50/50. Se a parte em renda fixa tiver desempenho melhor que a parte em Bolsa, resgataremos uma parte da renda fixa e alocaremos em Bolsa o suficiente para voltarmos aos 50/50.

Assim, conseguiremos chegar perto do ideal, que é "comprar Bolsa barata e vender Bolsa cara".

3. 100% exposto em bolsa. O investidor possui um método testado e que, ao longo do tempo, mostrou resultados consistentes. Ele sabe dos riscos envolvidos e tem a exata noção da importância dos stops e do manejo de risco em cada operação. Possui um alto grau de conhecimento no método, no manejo de risco e cumpre exatamente o que foi planejado. Assim, ele controla todas as variáveis possíveis e sabe quanto pode perder em cada operação.

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4. Entre 10% e 15% em ações. Este é um cálculo um pouco fora de moda, na minha opinião, mas que era clássico, recomendado por especialistas no passado. Com a taxa de juros a 14% ao ano, o investidor não precisava tomar risco para ter 1% de rentabilidade ao mês. Com a taxa de juros atual, na casa dos 3% ao ano (e com chances de cair ainda mais), a renda fixa perdeu atratividade e a renda variável passou a ter a atenção merecida. É assim nos países desenvolvidos, com taxas de juros perto de zero ou mesmo negativas. E essa sugestão do passado não contemplava o principal, que é o perfil de risco de cada investidor. Ter 15% em ações pode ser muito para alguns e bem pouco para outros.

As corretoras de investimentos fazem análises sobre o portfólio dos seus investidores, assim como os assessores de investimentos. A vantagem dos assessores é poder capturar detalhes em conversas com os clientes, como seus objetivos com os investimentos. Um cliente que deseja comprar uma casa própria é diferente de outro que está planejando sua aposentadoria, mesmo que os dois tenham a mesma idade, capital disponível e perfil de risco.

A seguir, um exemplo de uma carteira de um cliente com perfil agressivo e com 45 anos. Note que há a sugestão da corretora, no caso a XP, para buscar um maior alinhamento e diversificação. Veja que o cliente poderia ter algo em títulos pós-fixados e mercados internacionais:

Espero que este artigo o ajude a montar sua carteira de investimentos ideal, mas saiba que nunca será perfeita. É comum um cliente reclamar de pouca exposição em renda variável quando a Bolsa de Valores está em alta e questionar o motivo dos seus fundos de ações estarem caindo tanto quando a Bolsa recua.

Ainda não inventaram um jeito de ser agressivo nos ganhos e conservador nos momentos de prejuízos, infelizmente.

Ótimos investimentos!

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Marcos Moore

Marcos Moore

Marcos Moore é trader desde 2004, empresário e foi sócio-diretor da XP Educação. É também autor de livros sobre o mercado financeiro.