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Por que não investir na poupança?

por Marcos Moore

A poupança é o investimento mais popular entre os brasileiros. Por décadas, fomos impactados por campanhas de mídia ressaltando as vantagens da caderneta de poupança. Segurança, praticidade, rentabilidade foram alguns dos muitos predicados que os bancos colaram no produto. Mas será que é isso tudo mesmo?

A intenção deste artigo é desmitificar a poupança, apontando vantagens e desvantagens e tentando entender o motivo para essa adoração pela poupança, mesmo tendo tantos outros investimentos mais rentáveis e igualmente seguros.

O que é e como funciona a poupança?

A poupança é um produto bancário. Ao contrário do que muitos pensam, não é um produto criado pelo governo, como os títulos do tesouro. É um produto de banco como um CDB, LCI, LCA, entre outros.

O rendimento atual da poupança corresponde a 70% da taxa Selic. A regra diz que, sempre que a taxa Selic estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a poupança renderá 70% da Selic mais a TR (Taxa Referencial). Atualmente, a taxa Selic está em 5,5% ao ano e a TR rende zero há dois anos.

Em resumo, a poupança remunera seus investimentos em 70% da Selic; ou seja, 3,85% ao ano, atualmente.

A poupança é isenta de Imposto de renda (IR). Sem dúvida, na teoria, uma grande vantagem, mas, na prática, de nada adianta isenção de IR se a rentabilidade for baixa. Vamos fazer contas mais para a frente.

A poupança apresenta cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até R$ 250 mil por instituição e CPF/CNPJ até o limite de R$ 1 milhão por quatro anos. No caso de quebra do banco emissor, o fundo devolve o valor investido (até o limite de R$ 250 mil) corrigido pelo CDI. No aspecto da segurança, portanto, é um bom investimento.

Por que NÃO investir em poupança?

Cerca de 88% das pessoas que investem no Brasil estão na poupança. São mais de 100 milhões de pessoas. Talvez por uma questão de comodidade, falta de conhecimento ou de incapacidade de mudar um hábito ou conceito não perceberam que é uma opção que já foi interessante no passado, mas que hoje em dia não faz sentido em uma carteira de investimentos.

É um produto bem ruim sob o ponto de vista de rentabilidade, já que, pela regra atual, rende 70% da taxa Selic, que hoje está em 5,5% ao ano. Setenta porcento de 5,5% dá 3,85% ao ano, ou 0,31% ao mês.

Dependendo da inflação, o rendimento do dinheiro investido na poupança apenas cobrirá a correção pela inflação. Não gerará nenhum ganho. O que a poupança gerou em termos de rendimento não foi capaz de preservar seu poder de compra. Em outras palavras, você perdeu dinheiro.

Outro ponto negativo da poupança é a rentabilidade mensal, também chamada de aniversário da poupança. A poupança possui liquidez diária, como títulos do tesouro, alguns fundos de renda fixa e alguns CDBs, mas na poupança a sua rentabilidade só chega uma vez por mês. Se o dinheiro ficar aplicado 29 dias e o investidor resgatar a poupança no 29º dia, abrirá mão dos rendimentos desses 29 dias.

Para ficar ainda mais claro: se investir R$ 10 mil na poupança dia 10 de outubro e resolver resgatar os R$ 10 mil mais rendimentos no dia 9 de novembro, sacará apenas R$ 10 mil, sem qualquer ganho. Nos outros investimentos, haverá ganho por menor que seja o prazo.

Bom, se a poupança é um investimento ruim, quais alternativas são melhores? Vamos comparar.

Poupança x LCI/LCA

LCI: Letra de Crédito Imobiliário. LCA: Letra de Crédito do Agronegócio. Ambas as aplicações originadas por bancos.

As LCI e LCA também são cobertas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e isentas de IR. Costumo dizer que poupança, LCI e LCA são primas, de tão semelhantes. Mas a poupança é a prima feia, porém famosa, e a LCI/LCA são as primas lindas, porém tímidas.

Vamos comparar o rendimento de uma LCI que pague 98% do CDI com a poupança. Enquanto a poupança renderá 3,85% ao ano, a LCI renderá 5,29% a.a. Muita diferença para produtos com as mesmas vantagens. O ponto negativo da LCI é que precisa imobilizar o capital por um prazo maior, de um ano ou mais. E quanto mais longo o vencimento maior a rentabilidade.

Poupança x CDB

CDB é a sigla para Certificado de Depósito Bancário. Outro investimento bastante popular emitido por bancos, sejam de varejo ou de investimentos.

CDB também possui cobertura do FGC, mas sofre a incidência do IR. Ponto para a poupança, mas vamos fazer contas:

Um CDB que renda 110% do CDI implica rentabilidade atual de 5,94% ao ano (5,4% x 110%). Se o investidor quiser ficar mais de dois anos na aplicação, entrará na alíquota mais baixa do IR, que é de 15%. Portanto, ao final de dois anos, a rentabilidade bruta seria de 12,23%, equivalendo a uma rentabilidade líquida de IR (menos 15%) de 5,06% a.a.

Portanto, esse CDB rende 5,06% ao ano, mesmo pagando 15% de IR, bem acima dos 3,85% da poupança. Hoje em dia, é bastante comum acharmos CDBs pagando 120% e até 130% do CDI. Uma goleada sobre a poupança!

O ponto negativo do CDB é que também precisa imobilizar o capital por um prazo maior, apesar de termos CDBs de liquidez diária, 3 ou 6 meses de vencimento.

Poupança x Fundos de Renda Fixa

Fundos não possuem FGC. O mecanismo de proteção se baseia no fato de todo fundo ter CNPJ próprio. No caso improvável de um fundo quebrar, outro banco ou gestora pode incorporar esse fundo, sem prejuízo para os cotistas. E só consigo imaginar um fundo falir: se for de ações ou derivativos e alavancado. Um fundo de renda fixa quebrar seria algo totalmente inesperado.

Um fundo de renda fixa, como o Iridium Apollo, rendeu nos últimos 12 meses 108% do CDI. Significa 5,8% contra os 3,85% da poupança. No entanto, fundos de renda fixa sofrem a incidência do IR. Se você ficar posicionado no fundo por dois anos, entrará na menor alíquota, de 15%. Então, 5,8% menos 15% de IR totalizam aproximadamente 4,93% a.a, ainda bem acima da poupança.

Alguns fundos de RF possuem uma grande vantagem: a liquidez diária. Se o investidor precisar de dinheiro rápido para pagar contas e saldar compromissos, um fundo de RF seria uma ótima alternativa.

Poupança x Tesouro Selic

Os títulos do tesouro são os investimentos mais seguros que existem, já que o Governo Federal é o emissor. É o chamado risco soberano.

Podem ser títulos prefixados, prefixados com juros semestrais, títulos que acompanham o IPCA, que acompanham o IPCA com juros semestrais e Tesouro Selic.

Vamos usar o título do Tesouro Selic como exemplo por ser um título pós-fixado, assim como o CDB, LCI, LCA e o fundo de renda fixa mencionados. A rentabilidade será de 100% da taxa Selic over, que varia muito próximo do CDI. Então, 100% da Selic over seria 5,4% ao ano.

O Tesouro Selic também tem IR, então 5,4% menos 15% de IR daria aproximadamente 4,59% a.a.

Resumindo

Observe a seguir as rentabilidades líquidas (já descontado IR) das opções de investimentos em renda fixa:

A poupança rende muito menos do que todas as outras opções e sem ser mais segura que as demais. A conclusão é clara:

Não invista em caderneta de poupança! Compare antes de investir, peça ajuda a especialistas. Ao optar por outros investimentos, seu dinheiro será muito mais bem remunerado e com a mesma segurança.

Ótimos investimentos!

Encontre as melhores maneiras de conquistar seus objetivos de investimentos.

Marcos Moore

Marcos Moore

Marcos Moore é trader desde 2004, empresário e foi sócio-diretor da XP Educação. É também autor de livros sobre o mercado financeiro.