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Onde é o fundo da bolsa de valores?

por Marcos Moore

O investidor iniciante deve estar morrendo de saudades da velha renda fixa, que rendia 1% ao mês na época de taxa Selic a 14,25% ao ano. Neste novo cenário de juros baixos no Brasil (atualmente 4,25% a.a), entendeu que precisava tomar mais risco para buscar retornos mais expressivos. E realocou sua carteira de investimentos, entrando em ativos mais agressivos, como ações, fundos de ações e multimercados.

Dependendo do momento dessa mudança de apetite ao risco, conseguiu surfar ótimos movimentos. As ações foram o melhor investimento nos últimos anos, enquanto a taxa de juros que rege a remuneração de ativos de renda fixa vem sofrendo cortes sucessivos pelo Banco Central. Portanto, fundos de renda fixa, títulos públicos e títulos privados, como CDB, LCI e LCA, tornaram-se menos atraentes e foram cedendo espaço para ativos de renda variável.

Só não alertaram os novatos que a Bolsa de Valores também cai. E como cai em alguns momentos!

O novo coronavírus e a guerra de preços no petróleo entre os países produtores e a Rússia geraram pânico e deixaram dúvidas nos investidores que agora perguntam se é para sair da bolsa ou manter a posição em renda variável. Pouquíssimos investidores me perguntaram sobre aumentar posição, aproveitando as pechinchas. Totalmente compreensível.

Após renovar máximas de forma sucessiva ao fim do ano passado, o mercado acionário começou a corrigir. E o fez de forma intensa. O Ibovespa, principal índice acionário no Brasil, registra queda em torno de 20% neste início de março, devolvendo o ganho de 2019 inteiro. No mercado, existe uma expressão que resume as últimas semanas: "sobe de escada e desce de elevador". O medo tem intensidade maior do que a euforia. O medo faz os preços recuarem.

Para os que me perguntam sobre o que fazer nesse cenário até então desconhecido, questiono se realmente o perfil de investidor está alinhado com os produtos de investimento de sua carteira. Talvez esteja se expondo mais do que suporta o apetite pelo risco. É bastante comum um investidor novato ser agressivo quando a carteira se valoriza e conservador quando as perdas aparecem. Sim, é um investidor híbrido, metade arrojado e metade medroso.

Tivemos 20 correções abruptas nos últimos 20 anos. A seguir, as mais marcantes com seus recuos e o tempo de recuperação:

Quem tem caixa, ou seja, dinheiro disponível para aumentar participação ou entrar em novas posições aproveita a queda nos preços. As empresas continuam muito parecidas, em geral, com o que eram antes dessa forte queda. Há uma diferença entre preço e valor. Preço é por quanto está sendo negociada aquela ação. Valor é quanto de fato vale a ação da empresa. Neste momento, o preço possivelmente ficou mais afastado do valor. E essa assimetria é aproveitada pelos profissionais.

Não quer dizer que não possa cair mais. Sempre pode. Ninguém é capaz de acertar o “low”, o valor mais baixo antes de começar uma alta nos preços. Mas, aos poucos, ir aumentando a participação em renda variável neste momento pode fazer todo sentido se sua visão é de longo prazo e o seu nível de aceitação ao risco tolera eventuais perdas, além do que já aconteceu nas últimas semanas.

E quem está totalmente posicionado, como proceder? Só investidores inexperientes compram na alta e vendem na baixa. Quem vende em momentos de queda faz o contrário dos grandes gestores de fundos, que aproveitam as promoções para aumentar as participações nos ativos que ele sempre quis ter em carteira. Portanto, pense em uma montanha-russa, onde você se segura nas quedas e aproveita o passeio. Mantenha o horizonte de investimentos de longo prazo, pare de checar o aplicativo da corretora com as cotações dos ativos da carteira e muita calma nesta hora! Decisões emocionais, geralmente, são as piores.

Por último, lembre-se que o que faz a Bolsa ter volatilidade é a cotação de cada ativo, a cada segundo, estar exposta para todos. Seu apartamento também oscila a cada segundo, mas a cotação dele não fica disponível para alguém comprar um pedaço do banheiro ou uma cozinha inteira. A renda variável é capaz de construir fortunas se sua capacidade de acumular ativos e enxergar o longo prazo se mantiver nos momentos mais delicados, onde a irracionalidade assume o controle.

Em caso de dúvidas ou insegurança, conte sempre com a ajuda do seu assessor de investimentos.

Ótimos investimentos!

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Marcos Moore

Marcos Moore

Marcos Moore é trader desde 2004, empresário e foi sócio-diretor da XP Educação. É também autor de livros sobre o mercado financeiro.