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Motivos para NÃO investir por bancos

por Marcos Moore

Noventa e cinco porcento da população investe por meio de bancos de varejo, como Itaú, Bradesco, Caixa, Banco do Brasil. Por que somos tão apegados às instituições que cobram muito e entregam tão pouco? O artigo desta semana trata dos motivos pelos quais ainda insistimos em uma opção tão ruim para remunerar nosso dinheiro.

Meu trabalho como assessor de investimentos me faz, junto com minha equipe, ter contato diariamente com pessoas que investem por bancos. Em 99,99% dos casos, há oportunidade de melhoria na carteira do banco. Ainda assim, muitos investidores optam por manter seus investimentos (ou a maior parte) em bancos, mesmo que provemos que existem produtos que remuneram muito melhor o dinheiro, com o mesmo nível de segurança.

Até pessoas com altíssimo nível de escolaridade e poder aquisitivo elevado optam por permanecer com aplicações no banco, mesmo após explicarmos os mecanismos de proteção, como FGC (Fundo Garantidor de Crédito), CNPJ para cada fundo ou o fato de um título do tesouro ser um investimento do governo; portanto, mais seguro que a caderneta de poupança, o investimento mais popular do país.

Então, quais são os pontos relevantes em minha argumentação de que não se deve investir por meio dos bancos?

Retorno para o dinheiro

Já mencionei em outros artigos que lugar de investimento não é no banco. Taxas altas e os retornos baixos comem parte do rendimento.

Além disso, trata-se de uma plataforma com uma única bandeira, a do banco. É como se você entrasse em um supermercado Pão de Açúcar e só tivesse produtos do Pão de Açúcar, por exemplo. A falta de alternativas é ruim. Em um mercado competitivo, os melhores gestores e os melhores produtos ganham destaque. E, para o cliente, é possível comparar marcas diferentes antes de tomar a decisão correta.

Capacitação e viés

Para quem não é interessado em investimentos ou finanças, o gerente de banco parece um parceiro confiável. Mas não é bem assim. Em primeiro lugar, ele pode não ter a capacitação necessária. Ele cuida da conta do cliente, do cartão, do empréstimo, do consórcio, além de milhares de outras contas. Claro que não conseguirá se especializar em investimentos. Já um assessor de investimentos passa seus dias entendendo e comparando opções de investimentos, avaliando riscos, retornos e adequação.

Mais um ponto relevante é o viés. Seu gerente provavelmente já ligou quando apareceu um dinheiro a mais na sua conta ou perto do fim do mês, pedindo ajuda para bater a própria meta. Sim, gerente tem meta de venda de produtos. Se a meta for em cima de título de capitalização ou seguro de carro, será o assunto da ligação. Ele precisa bater a meta para ter bônus, viver e sustentar sua família. O gerente é um instrumento do banco.

Alguns clientes sentem pena de tirar o dinheiro do banco, porque o gerente é bonzinho. Pode parecer estranho, mas nossas relações ainda são muito pessoais. É o jeito brasileiro de fazer negócios. Dessa forma, o gerente bonzinho vai batendo suas metas e o cliente, cada vez mais, vai deixando de potencializar seus rendimentos.

Já o assessor de investimentos não precisa ter meta, por isso o alinhamento com os interesses do cliente é muito maior. O assessor até pode ser bonzinho, legal, mas ele está ali para ajudar a fazer seu dinheiro render o máximo, respeitando seus objetivos e perfil de risco.

Um último ponto sobre a relação com o banco/gerente é o status conferido ao cliente. Todo mundo quer ser Stilo, Prime, Van Gogh ou qualquer outro distintivo de cliente especial. Só que o cliente pode ter zero dinheiro investido que ele ainda mantém o título. Basta continuar pagando o pacote de tarifas mais alto.

“Ah, mas meu gerente disse que se eu retirar este investimento não terei mais a isenção de tarifas que eu possuo.”

Fazemos contas e mostramos que, com uma carteira mais bem composta, sobrará dinheiro para pagar a tarifa e ainda economizar ou gastar como quiser. Mas a decisão não é racional, alguns entendem e outros preferem obter menos rendimento, mas não pagar tarifa. Ou pagar tarifa e ser “Select”.

Desconhecimento das alternativas

Oitenta e cinco porcento da população que possui algum tipo de investimento o tem na caderneta de poupança. Incrível, não é mesmo? Mesmo pagando apenas 70% do CDI, nas regras atuais. Mais uma vez, CDI é um referencial. Um CDB que pague 100% do CDI, mesmo descontando imposto de renda, já bateria com folga a poupança, ainda que seja isenta de imposto de renda. Ambos são produtos bancários com o mesmo nível de segurança.

Quase 1 milhão de cotistas estão em fundos DI (Renda Fixa) que sequer alcançam 50% do CDI. Um investimento bem abaixo do CDI é considerado muito ruim. E como os bancos conseguem essa proeza? Cobrando taxas de administração de 5% ao ano. Com a taxa de juros real perto de 1,5% ao ano, significa que o cotista estaria pagando para manter o dinheiro aplicado. Surreal, mas verdade.

Em uma época de taxa de juros baixas, existem diversas classes de ativos que poderiam render bem mais. Mas é necessário assumir um pouco mais de risco ou buscar opções com vencimentos mais longos. Ações, fundos de ações e multimercados, COEs com capital protegido, operações estruturadas, entre outros, estão entre as alternativas que mais gostamos.

Custo da preguiça

É o dinheiro deixado na mesa por não se comparar antes de investir. É preferir deixar como está ao invés de buscar a ajuda de um especialista ou obter mais conhecimento. O argumento vem sempre com uma conta inventada, em que 0,2% a mais de rendimento não faria diferença. Mas faz, e muita, 0,1% já faz diferença no longo prazo. Talvez a culpa seja da nossa visão imediatista das coisas, mas olhe esta planilha de capitalização:

  • Depósito inicial: R$ 1.000.000,00
  • Valor do depósito mensal: R$ 2.000,00
  • Número de meses: 120
Taxa mensal Taxa anual Montante
0,5% 6,17% R$ 2.148.794,22
0,6% 7,31% R$ 2.375.459,88
0,7% 8,73% R$ 2.686.388,54
0,8% 10,03% R$ 3.005.378,17
1,0% 12,68% R$ 3.765.065,05
1,1% 14,03% R$ 4.215.888,02
1,2% 15,39% R$ 4.721.820,88
1,4% 18,16% R$ 5.926.781,24

Com R$1 milhão investido inicialmente e aportes mensais de R$2 mil, após 10 anos, o investidor com um rendimento mensal de 0,5% teria acumulado R$ 2.149.000. Se conseguisse melhorar sua rentabilidade e passasse para 0,7% ao mês, teria, ao fim de 10 anos, R$2.687.000. Mais de meio milhão de reais deixados na mesa. Muito dinheiro!

Comodidade

Outro argumento é: "o dinheiro já está no banco, então, se precisar pagar a conta, é só resgatar a aplicação que o dinheiro já entra na conta corrente". Em uma plataforma aberta, é realmente necessário um passo a mais.

  1. Resgatar o investimento.
  2. Esperar cair o dinheiro na sua conta na corretora.
  3. Transferir da sua conta da corretora para sua conta no banco.

Como todo mundo precisa de liquidez, a sugestão é ter investimentos em produtos D+0 ou D+1. Significa que, no máximo, no dia seguinte, o dinheiro entrará na sua conta da corretora. Com o internet banking, não é necessário nem ir à agência bancária. Além disso, a TED da sua conta na corretora para o seu banco não tem custo.

Segurança

“Dificilmente um grande banco vai quebrar. E eu vou na agência bancária, falo com o gerente.” Sim, bem difícil um banco de varejo quebrar. Mas este não é o ponto. O risco não está em quem distribui o investimento, mas no emissor do produto ou no gestor do fundo.

Então, só para comparar com algo mais próximo do dia a dia, seria como comprar um Iphone em uma loja. Se um dia o Iphone der problema, basta acionar a Apple, que é a fabricante, para resolver o problema, não precisa se preocupar se aquela loja é segura.

Mesmo assim, existem proteções, como o FGC, que cobrem até R$250 mil por instituição ou o fato de cada fundo de investimento ter um CNPJ próprio. Se o fundo quebrar, vem outro banco ou asset e incorpora aquele fundo.

Além disso, há anos não vejo um banco de investimentos quebrar. Um fundo quebrar acho que nunca vi, a não ser os mega alavancados.

Por fim...

Rompa com os paradigmas, busque informações! Há pouco tempo, ouvíamos discos de vinil, depois fita-cassete, CDs e agora temos os apps de música. Da mesma forma, usamos Uber, AirBnB, fotografamos com celular, entre dezenas de mudanças em nossas vidas. Investir por corretoras e distribuidoras, que expõem em suas plataformas abertas as melhores opções de investimentos não é apenas o futuro. É o presente!

É mais fácil, mais rentável e igualmente seguro.

Ótimos investimentos!

Descubra os melhores objetivos para seu perfil.

Marcos Moore

Marcos Moore

Marcos Moore é trader desde 2004, empresário e foi sócio-diretor da XP Educação. É também autor de livros sobre o mercado financeiro.