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Educação financeira infantil

por Marcos Moore

No livro Os segredos da mente milionária, de T. Harv Eker, o autor defende que nossa relação com dinheiro vem de experiências pelas quais passamos na infância. De exemplos ou do que ouvíamos dos nossos pais, principalmente. Há uma relação entre como nosso comportamento adulto foi moldado e uma experiência de abundância ou de restrição financeira na infância. Se, de um lado, muitos ouviram expressões como “dinheiro não nasce em árvore” ou “você sabe que isso custa dinheiro?”, do outro lado muitas crianças tinham todos os objetos de consumo que desejassem, sem limites. Somos hoje muito do que vivemos no passado. Em qualquer campo, pessoal ou profissional.

A partir de dezembro de 2019, todas as escolas brasileiras devem estar adaptadas às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Uma dessas diretrizes diz respeito à resolução de problemas dentro do contexto da Educação Financeira. Entretanto, precisamos fazer nossa parte, como educadores dos nossos filhos.

Selecionei abaixo algumas sugestões ou dicas de como conscientizar a nova geração, de modo que poupar e investir seja algo natural e saudável. Os próprios hábitos de consumo precisam ser questionados desde cedo em prol de uma vida financeira mais equilibrada no futuro.

Vamos lá?

  1. Um porquinho na vida: Saber guardar dinheiro é uma das habilidades a desenvolver na criança. Com o cofrinho conseguimos passar que cada moeda tem importância. E assistir a engorda do porquinho faz com que a criança sinta que está guardando cada vez mais. E cuidado para não esvaziar o cofrinho do filho no pagamento das despesas do dia a dia. Programe sua ida ao caixa eletrônico, deixe o porquinho em paz.
  2. Leve seu filho ao supermercado: A lista de compras ensina a importância do planejamento e mostra que há um limite de despesas para a compra daquele dia. Cada produto tem seu preço e questionar se está caro ou barato ajuda a criança a fazer escolhas. Dê um valor para o seu filho gastar. Ele passará por um processo de comparação e escolha do que lhe parece ser uma compra melhor, dentro de uma quantia limitada.
  3. Bem-vindo ao mundo das contas: Apresente as contas de luz, gás, telefone, algo que todos os meses levará um pedaço dos ganhos dos pais. Desta forma, a criança entenderá que os banhos longos ou a torneira aberta custam dinheiro. Da mesma forma, a luz acessa sem necessidade ou as ligações telefônicas demoradas não trazem conforto extra, mas levam embora o dinheiro que poderia comprar boas experiências.
  4. Fale de dinheiro: Filhos são naturalmente curiosos. Não seria diferente com dinheiro. Perguntas sobre quanto custou aquele presente, quanto papai / mamãe ganham, quanto pagam de salário para a empregada fazem parte do arsenal de questionamentos. Tenha uma relação transparente. Se fica confortável em falar tudo, ótimo, só peça para não espalhar na escola o salário dos pais. Mas, se não fica muito à vontade em abrir suas finanças, vá pela linha “o salário da mamãe / papai é algo muito pessoal, mas ganhamos o bastante para termos uma vida legal”.
  5. Não remunere o que é obrigatório: Não negocie com seu filho o que deveria ser uma obrigação. Oferecer dinheiro em troca de seu filho estudar ou fazer a lição de casa, arrumar a cama etc. passa a ideia de suborno e de isenção de responsabilidade dele. A criança tem que entender que esses são seus deveres básicos.
  6. Incentive-o a poupar: Uma forma de fazer isso é combinar de depositar no cofrinho a mesma quantia que a criança conseguir poupar. Por exemplo, para cada R$ 10 de poupança deposite no cofrinho dele outros R$ 10. Se quiser, pode pagar o dobro do que ele conseguir juntar.
  7. Não adiante nem atrase a mesada: A mesada é como um salário que os adultos recebem, por isso é importante a criança aprender a planejar os gastos ao longo do mês até receber a próxima. Da mesma forma, mostrar que você se compromete com o dia da mesada ajuda a criança a aprender que os pagamentos precisam ser levados a sério e feitos sempre no dia combinado.
  8. Explique como funcionam o cheque e os cartões. Até alguns adultos acham que estes instrumentos são mágicos, que têm o poder de comprar prazeres imediatos e que não será preciso ter dinheiro em conta ou quitar a fatura todo mês. Imaginem as crianças! Os filhos precisam saber que cheques e cartões são apenas meios de pagamento, mas que todo mundo precisa ganhar e economizar dinheiro do mesmo jeito, senão os instrumentos mágicos param de funcionar e ainda passam a cobrar algo muito ruim chamado juros.

Por fim, lembre-se que seu filho ainda é uma criança. Não exija demais. Suas prioridades são a diversão e estudos na escola. Pensar em uma aposentadoria confortável no futuro ou na faculdade dos sonhos é algo muito distante para uma criança.

Todas as ideias de educação financeira precisam ser lúdicas. Se para um adulto o tema pode ser penoso, imagine para uma criança. A regra é se divertir com ele. Dinheiro tem que trazer felicidade, sim.

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Marcos Moore

Marcos Moore

Marcos Moore é trader desde 2004, empresário e foi sócio-diretor da XP Educação. É também autor de livros sobre o mercado financeiro.