Como escolher
Na aula anterior, vimos que são muitos os títulos existentes no mercado. Se isso, por um lado, aumenta o número de possibilidades de investimento, por outro, obriga-nos a tomar cuidado no processo de seleção para definir o melhor investimento para a nossa estratégia
Como regra geral, vale a pena seguir os seguintes passos:
1. Defina sua estratégia, objetivos e prazo de investimento.
2. Saiba de antemão se necessitará de resgates periódicos.
3. Faça um breve estudo sobre as perspectivas econômicas do país.
4. Defina para você uma perspectiva de inflação, taxa de juros e retorno.
5. Selecione os ativos candidatos a atender seus critérios.
6. Compare seus rendimentos líquidos.
7. Tome a decisão de investimento.
É muito importante comparar investimentos comparáveis. Isso quer dizer que, se você estiver comparando prazos diferentes, isso terá implicações ligadas à tabela regressiva do Imposto de Renda.
Se você estiver comparando taxas, certifique-se de que utilizará o mesmo benchmark e o mesmo prazo para todos.
Procure as equivalências para que a comparação esteja normatizada em termos líquidos, depois de deduzidos todas as taxas e impostos.
A aula em vídeo comparou alguns títulos de renda fixa com exemplos numéricos.
Para facilitar seu entendimento e estudo, vale a pena colocar aqui a transcrição da aula para que, com calma, possa repetir os cálculos e utilizar essa técnica comparativa com outros ativos de renda fixa.
A primeira comparação será entre CDB, LC, LCI e LCA. Seguem os títulos disponíveis com vencimento para 361 dias, supondo que estamos comparando as ofertas de instituições muito parecidas:
– CDB do banco "X" pagando 115%CDI.
– LC da financeira "Y" pagando 116%CDI.
– LCA do banco "X" pagando 95%CDI.
– LCI do banco "X" pagando 94%CDI para tal vencimento.
Dentre essas opções, temos que o CDB e a Letra de Câmbio têm IR, enquanto a LCI e LCA são isentas de IR. Já é possível excluirmos a LCI por ter menor rentabilidade que a LCA e, também o CDB, por ter menor rentabilidade que a LC. A comparação então será entre a LCA de 95% CDI e a LC de 116%CDI.
Como todos os investimentos são pós-fixados, não foi necessário converter ou estimar o CDI futuro. Mas só para que se tenha o valor absoluto em mente, o CDI, no momento em que este vídeo está sendo produzido, está em torno de 6,39% a.a. Se isso equivale a 100%CDI, logo 116%CDI corresponderia a 7,41% ao ano.
Para ficar mais clara a comparação, vamos converter a LCA de 95%CDI em valores absolutos: 6,07% ao ano.
Como a LC tem IR de 17,5% sobre os ganhos em vencimentos entre 361 e 720 dias, a rentabilidade líquida da LC seria de: 6,11% ao ano, ligeiramente acima da LCA e, dessa forma, a melhor opção de investimento.
Veja que convertemos os valores, mas poderíamos ter dito que a rentabilidade líquida da LC é de 95,7%CDI, um pouco acima da LCA de 95%CDI. A vantagem de compararmos em relação ao CDI é que independentemente de qual seja a taxa de juros, a alternativa LC, neste caso, será sempre melhor.
Vamos ao segundo exemplo. Neste caso, faremos comparações hipotéticas entre CRI, CRA, debênture incentivada e debênture comum. Nesta suposição, vamos levar em consideração que todos os títulos têm a mesma nota de risco pela agência de risco. Isso é importante, pois, se um empreendimento é consideravelmente mais arriscado (tem nota de risco pior), a taxa oferecida seria maior.
Vamos às opções para vencimento em 5 anos:
– CRI com CDI + 0,1% ao ano.
– CRA com rendimento de 102%CDI.
– Debênture com rendimento de 115%CDI.
– Debênture incentivada de 4,65% + IPCA.
Nessa situação, temos opções híbridas e pós-fixadas. Nesse caso, o rendimento dependerá do CDI futuro ou da inflação futura. Para termos esses dados, podemos utilizar as projeções do relatório FOCUS do BC. Um parênteses aqui para comentar sobre esse relatório, que é divulgado semanalmente pelo Banco Central e que contém as expectativas de analistas financeiros. Continuando...
Por meio das projeções do relatório, podemos utilizar uma inflação esperada em torno de 4% a.a. e a Selic por volta de 8% a.a.. Como o CDI costuma ficar 0,1% p.p. abaixo da Selic, podemos pensar em algo como 7,9% a.a. para essa taxa.
Utilizando esses valores como a média esperada, teremos:
– CRI de CDI + 0,1% seria igual a 8% ao ano.
– CRA de 102%CDI equivaleria 8,058% ao ano.
– Debênture comum de 115%CDI equivaleria a uma taxa de 9,085% ao ano.
– Debênture incentivada pagando 4,5% + inflação de 4% no período. Aproximadamente, 8,68% ao ano.
Dos quatro títulos, somente as debêntures comuns têm Imposto de renda. Os outros são isentos. Logo, os 9,085% serão tributados em 15%, pois o vencimento é de 5 anos, acima de 721 dias. O valor líquido passará a ser, então, 7,9% ao ano.
Dessa forma, o investimento com a maior rentabilidade, utilizando as projeções dos analistas financeiros, seria a debênture incentivada.
Saiba mais
Acesse o Relatório FOCUS do BC: https://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/readout.asp
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